O
ser humano é um ser biopsicossocial e vivencia dois princípios básicos:
autopreservação e preservação da espécie. Para que isso se mantenha
caminha naturalmente num processo de autorregulação, responsável pela
organização da vida. Nos mamíferos, em geral, este processo de
autorregulação é responsabilidade do sistema límbico, área do cérebro
também conhecida como cérebro das emoções.
Sabe-se
que, na evolução das espécies, em geral, tudo que vem antes é mais
forte e dita as regras. Em nossa espécie humana, o cérebro das emoções é
anterior ao neocortéx, ou cérebro da razão. Isto nos faz pensar em
algo, aparentemente sem resposta: quem vem antes? A razão ou a emoção?
Para
Hipócrates, filósofo e considerado o pai da medicina, o ser humano é
uma Unidade organizada, sendo o corpo a dimensão funcional, a alma a
dimensão reguladora e a doença o efeito da desorganização desta Unidade.
Vemos então, que já em épocas anteriores ao calendário cristão,
percebemos a nós mesmos como uma Unidade, onde vários aspectos se
inter-relacionam e se complementam para formar essa singularidade que
expressamos, dando-nos um senso de identidade com o qual transitamos por
toda uma existência.
Na
verdade, em toda literatura produzida, nas mais diversas culturas do
mundo, a alusão a essa Unidade se faz presente. A Física Quântica, na
sua clareza de colocações, nos oferece postulados que confirmam essa
Unidade, a qual chamam de monismo, onde o físico e o psíquico mantêm uma
interação e uma influência recíprocas. Já dizia Kant, filósofo alemão,
que “as pesquisas que valorizam apenas o corpo anátomo-fisiológico serão
sempre cenário de frustração, pois o saber sobre a doença não se reduz à
anatomia e fisiologia do corpo físico.”.
Georg
Groddeck, médico alemão, contemporâneo de Freud, escreveu o Livro
D’Isso, obra que marca o nascimento da Psicossomática. Para ele, a
doença pode ser entendida como uma criação carregada de finalidade,
sentido e função expressiva. Assim, todo e qualquer tratamento deve
abranger, ao mesmo tempo, o ser humano e seus sintomas.
As
manifestações psíquicas – sensações, pensamentos, emoções, sentimentos
etc – instalam-se na dinâmica do organismo físico e a origem da doença é
determinada pela combinação entre uma vulnerabilidade orgânica
específica, a psicodinâmica do paciente e a situação exterior que
mobiliza seus conflitos e atinge suas defesas.
O
desafio nas doenças é compreender o universo único e inédito presente
no indivíduo, cuja riqueza de experiência não pode ser refletida por
métodos estatísticos. É imprescindível estabelecer uma terapêutica que
contemple a singularidade dos pacientes, ou seja, a Unidade.
A
doença precisa ser vista como caminho para a saúde. Ela nos dá poderes
para fazermos o que desejamos, sem nos sentirmos reprimidos. Ela é uma
expressão de nós mesmos, que nos conta que algo em nossa Alma não vai
bem. Nosso organismo físico apenas responde a essa Alma, ou Ser, ou
Consciência Suprema como nomeia o indiano Amit Goswami, físico da
Universidade de Oregon nos EUA e colaborador do filme Quem Somos Nós?.
Portanto, saber a respeito da Alma e sua interação com o corpo e as
doenças manisfestadas, é conhecer profundamente o ser único que habita
em nós.
As
doenças também são familiares, uma vez que a dinâmica familiar é
preexistente ao ser recém-nascido. Esta dinâmica familiar é
inconsciente. Os membros vão “herdando” os caminhos neuróticos de
autopreservação, desenvolvidos neste grupo há muitas gerações. Essa
dinâmica vai sendo aprendida, introjetada pelo bebê desde os primórdios
de sua formação. Assim, é preciso conhecer também a dinâmica da família
do paciente e seus mecanismos sadios e neuróticos de elaboração de
conflitos. Desta forma, pode-se supor uma lógica do adoecer para os
membros de um mesmo grupo familiar e trabalhar para que os sintomas não
apareçam ou apareçam menos destrutivos ou possam, de fato, ser curados.
Trabalhar
a prevenção da saúde da dinâmica familiar é quebrar o ciclo de formas
específicas de adoecimento nos grupos familiares. Isto serve também para
outros grupos, como escolas, empresas, amigos etc.
A
Psicossomática Sistêmica diz que a doença se apresenta em 03 níveis,
respectivamente – energético, funcional e orgânico. Por esta razão é
louvável uma terapêutica que leve o paciente a trabalhar nestes níveis,
de forma dinâmica e sempre interagindo-os entre si. As terapias
sistêmicas e energéticas, se bem trabalhadas, com foco e
intencionalidade bem definidas, são as mais recomendadas.
James
Hillman, psicólogo pós-junguiano da Universidade de Dallas, EUA, nos
diz que temos entes importantes se manifestando em nós. Um deles é a
Criança interna, expressão pura do nosso movimento emocional. Esta
entidade guarda os princípios básicos de nós mesmos no que diz respeito a
lidar com conflitos. Trabalhar a Criança ou Crianças Internas em nós
facilita o contato consciente com nossa expressão emocional. Outro ente é
o nosso Adulto interno, nosso poder de decisão, nossa parte mais “pé no
chão” que precisamos reconhecer e manter em equilíbrio. Ele é o
mediador, segundo a abordagem terapêutica Análise Transacional, do
canadense Eric Berne, entre a Criança interna e o Senex, ou Velho
interno, ou estado de ego Pai. Este Pai interno nos chama atenção aos
valores e crenças que vamos incorporando e transformando ao longo da
vida. A Criança e o Velho tendem a viver em atrito: a Criança deseja e o
Velho julga. Então, precisamos chamar com urgência o Adulto, para nos
dizer exatamente o que fazer. Imaginem entregar algumas de nossas
decisões a uma criança ou a velho rabugento permeado de preconceitos?
O
problema, é que quando não estamos “senhores de nós mesmos”, ficamos à
mercê desses entes, com suas mais variadas tramas. Muitas vezes
reconhecemos o Adulto encarcerado e fragilizado. Ou a Criança bagunçada
em suas emoções, medrosa, ou já muito “encouraçada” em mecanismos
emocionais e comportamentais desorganizadores. Ou ainda o Velho Pai
cheio de preconceitos, crenças limitadoras e autoritarismo ou
paternalismo exagerados. E, todos mergulhados em nosso emaranhado
inconsciente, tomando decisões insatisfatórias para a integridade de
nossa saúde, criando mais e mais emaranhados, reforçando outros, e que
em muitos momentos nos sufocam tanto, que não somos mais capazes de nos
libertar. Com certeza, olharmos de frente para o que somos, para nossa
Alma, é imprescindível para qualquer cura. Nela é que se encontram, de
fato, os recursos necessários para empreendermos a doença ou a saúde em
nós mesmos.
Outro
aspecto importante para verificar, a fim de me atrever a “solucionar” o
questionamento inicial deste artigo, é nos lembrarmos que nossa vida é
carregada de Símbolos. Nossa cultura nos convida a encararmos os
símbolos como pertencentes à fantasia. Mas, isto não é verdade! Aliás,
falar sobre realidade e fantasia, com o conhecimento que há no mundo de
hoje, “dá pano pra manga!”. Mas, sem sombra de dúvidas, há uma realidade
física que é sólida, determinística, e outra, ou melhor, outras tantas,
psíquicas, probabilísticas, que se manifestam em outros níveis da
Consciência e que aparecem expressas em Símbolos.
Bem,
o Símbolo escapa a qualquer definição. E, está no cerne, no centro de
toda vida imaginativa. Seu trabalho é, principalmente, revelar os
segredos do inconsciente, abrindo nossa alma para o desconhecido e o
infinito em nós. Todas as influências inconscientes e conscientes, bem
como todo produto de ações, idéias, conceitos, crenças etc, realizadas
pelos indivíduos, ficam sintetizadas em Símbolos, na psique humana.
Então, num processo terapêutico que guie a pessoa a entrar em contato
com sua simbologia interna, é possível identificar a origem de muitas
doenças e o que realmente poderá trazer a saúde.
É
preciso aceitarmos, de uma vez por todas que, embora possamos agrupar
por sintomas as doenças, suas causas são de ordem singular. E
sintetizam-se e escondem-se e solucionam-se através de símbolos.
Os
símbolos, os quais holografamos o tempo todo, assumem formas diversas
que muitas vezes nos sustentam e equilibram e outras, nos desorganizam e
adoecem com suas formas obsessivas e dissimuladas. E, continuam
conosco, atuantes, procurando nos manter no mesmo padrão com que foram
criados, até que os reconheçamos e nos livremos conscientemente deles.
Nosso
corpo físico, na verdade, é um arquivo de histórias emocionais
produzidas por nós mesmos e repletas de efeitos interferentes.
Nosso
cérebro é formado por células chamadas neurônios. Estes se agrupam em
redes neuronais e essas redes são responsáveis pelos processos
bioquímicos que o cérebro realiza. Cada local, nesta rede, está
associado a uma emoção.
As
emoções são a mais pura expressão do nosso eu. Tudo o que pensamos,
sentimos, fazemos, desejamos e armazenamos na memória, está permeado de
emoções. Segundo a Dra. Candace Pert, professora da Universidade de
Georgetown, EUA, e bioquímica responsável pela pesquisa com peptídeos,
as emoções são substâncias impressas holograficamente nas células do
corpo físico. O hipotálamo, no cérebro, é como uma pequena fábrica de
peptídeos ou substâncias que combinam com determinadas emoções que
experimentamos. Então, existem substâncias para a raiva, o medo, a
alegria, e também a luxúria. E, no momento que experimentamos um certo
estado emocional, o hipotálamo reúne imediatamente esses peptídeos e
depois os libera na corrente sanguínea, através da glândula pituitária,
para diferentes partes do corpo.
Cada
célula tem receptores no seu exterior. E, os peptídeos se acoplam às
células para enviar sinais para o seu interior. Esses sinais carregam
aquelas emoções que dispararam todo este processo e modificam a célula
de várias maneiras, desencadeando uma série de eventos bioquímicos.
Assim, podemos afirmar que cada célula está viva e tem uma consciência,
proveniente do estado emocional disparador. As emoções são a própria
vida!
Retomamos, então, a pergunta inicial: quem vem antes? A razão ou a emoção?
Decididamente,
as emoções aparecem primeiro, e ditam as regras da saúde e da doença em
nós. Se estivermos bombardeando as células, por exemplo, com emoções de
menos-valia por nós mesmos, essas mesmas células produzirão
células-filhas com mais locais de recepção para este peptídeo emocional
de menos-valia e, menos locais de recepção para segurança, alegria,
serenidade e todas as substâncias responsáveis pela saúde do organismo.
Ao
nos depararmos com este conhecimento, devemos encarar que, se
trabalharmos as nossas emoções, a nosso favor estaremos construindo mais
canais para a saúde, solucionando desde simples a complicados
problemas. A questão é que, na maioria das vezes, nosso Adulto interno
está tão fragilizado e nossa Criança tão atuante, que esta faz com que
optemos por algo ou alguém externo que nos cure, sem que precisemos
fazer muita coisa para tal. Muitas vezes temos preguiça de agir e somos
covardes para nos enxergarmos, e entregamos nas mãos dos outros a
responsabilidade pela nossa cura. Esses outros podem ser as religiões,
os medicamentos, um companheiro ou companheira, os pais, os filhos, as
drogas.
Por Paula Márcia Baccelli
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